quarta-feira, 28 de abril de 2010

O que vale a pena? (continuação)

Antes de tentar responder, acredito que é preciso levar em consideração três questões fundamentais:

O que vale a pena de fato se fazer com o tempo que temos?
Quais as opções e modelos que tenho para viver com qualidade?
Qual a qualidade que eu quero pra minha vida?

Assim como as diversas interpretações sobre a natureza etimológica e funcional do dia de domingo, podemos escolher diferentes alternativas para estas questões baseadas em nossa vivência pessoal e em nossos valores. Somos seres sociais (trocamos experiências com o meio que vivemos), concordo, mas acima de tudo, somos dotados da capacidade de decisão. Se eu sei que furar uma fila é errado, não é porque muita gente fura que eu vou fazer o mesmo! Agora, se eu não sei ou não dou importância a isso, ai são outros 500.

Qual a importância do tempo? Basta se imaginar em duas situações: na primeira, quando se está preso em um engarrafamento, e na segunda, quando se está com amigos jogando conversa fora. É fácil perceber qual das duas situações em que o tempo parece correr mais devagar. No meu caso, quando fiquei presa no elevador por 2 minutos, pareceu horas e horas, até que eu fosse 'resgatada'... Mas já que o tempo é relativo, ou seja, depende do valor que se dá a ele, devemos usá-lo a nosso favor e não correr contra o tempo.

Partindo desse raciocínio, decidi, a algum tempo, que não perco mais meu (precioso) tempo tentando me enquadrar em uma sociedade em que se predomina o ostracismo e a intolerância. Tenho um milhão e meio de coisas a fazer ainda em minha vida, lugares pra conhecer, filmes para ver, pessoas e músicas, e tantas outras descobertas, uma vida linda e cheia de oportunidades. Então por qual motivo eu deveria me render às pessoas negativas e suas atitudes descansadas? Por que devo permitir que certos governantes corruptos e mentirosos permaneçam impunes, alegando que sempre foi assim e que nada vai mudar? Por que tenho que aceitar que uns tenham tanto e outras quase nada? Como aceitar o que esse modelo de sociedade está fazendo com o meio ambiente? Como ficar indiferente a isso? Não conseguiria dormir a noite, não conseguiria me olhar no espelho se eu não fosse assim, eu mesma.

Esses são meus modelos e opções. E entrar na toca do coelho pra perceber a si mesmo e todas as suas fragilidades, medos e mundos desconhecidos é, muitas vezes, um processo doloroso. Como o da Fênix, que para sobreviver em um determinado momento de sua vida precisa decidir se topa se isolar, arrancar seus pêlos, retirar dela mesma o próprio bico em um processo extremamente doloroso e esperar para cicatrizar, ou então escolher a morte.

Mas para se viver é preciso superar certos desafios, passar por certas situações, o que importa é, mais uma vez, os valores que estabelecemos às coisas. E para se ter a qualidade desejada é preciso que se busque aquilo que de verdade grita dentro de seu inconsciente ( e que muitas vezes não damos ouvidos), é preciso ouvir a voz que vem de dentro, como já disseram, é preciso achar onde está a chama!

Sem mais delongas, o que importa pra mim é ser eu mesma. É amar o que amo, e quem amo, é rir do que acho graça, é chorar assistindo filme sem ter medo de parecer tola, é acreditar nas pessoas e em sua capacidade de superação, é buscar conhecimento pra contribuir com um mundo melhor, é ser parte da família que tenho ( e que não trocaria por nada nesse mundo!), é errar e aceitar que também posso errar, é me permitir enfrentar os meus medos, reconhecer o infinito de possibilidades a minha volta e sentir falta de delicadeza e solidariedade em um mundo cada vez mais dissolvido e individualista.

Um comentário:

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