domingo, 15 de agosto de 2010

E ainda chamam isso de desenvolvimento...

Amanhece o dia e procuro as notícias de hoje. Ao que vejo na capa de um jornal eletrônico local uma matéria de destaque: " 32 mil novos veículos nas ruas da Capital". Fico espantada com os números da chamada e vou ler a matéria. Ver mais detalhes em Diário do Nordeste.

E num é que era verdade mesmo. Através de dados Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Ceará (Fenabrave/CE), a pesquisa revela que o mercado de automóveis na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, ainda está aquecido mesmo depois do fim das isenções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados, cujo o Governo Federal isentou de cobrança do imposto muitos desses produtos com a intenção de aquecer o mercado interno na época de crise financeira internacional).

Segundo a matéria, existem várias explicações para isso, mas não vou me atentar aqui em reescrevê-las, bastando acessar o site e conferí-las. Vou procurar aqui dar a minha visão crítica sobre o assunto.

Não tenho carro e sinceramente sinto muita falta de um em alguns momentos e dou graças à Deus de não ter um em outros. Vou explicar.

Pra que conhece Fortaleza sabe que as vias de trânsito não dão conta nem dos carros já existentes, quanto mais essa nova frota recebida depois desse programa de isenções do governo. As vias, que além de estarem em sua grande maioria em péssima qualidade de manutenção (buracos, falta de sinalização vertical e horizontal,etc) ainda contam com grandes engarrafamentos pela quantidade de veículos de pequeno porte, além de motos e bicicletas que somados, formam do trânsito da cidade, um verdadeiro caos!

Não existe a prioridade do transporte público, as pessoas sentem necessidade de ter um carro. Caso elas pudessem ter um, com certeza optariam por transporte particular, ao invés de depender de transporte público. O transporte público além de estar em péssimas condições, não suporta a capacidade de pessoas, tem profissionais que trabalham em regime desgastante (atualmente estamos passando por mais uma greve de motoristas e trocadores em menos de 50 dias!). Além disso, o atraso de obras estruturantes como as do Metrofor, que promete integrar a cidade com transporte ferroviário, prejudicam ainda mais a circulação devido ao grande números de desvios e trechos interditados próximo as principais vias de acesso dos fortalezenses. Isso sem contar nos bilhões já gastos por esse projeto, que quando finalmente estiver pronto, já se encontrará atrasado, aquém das necessidades atuais da cidade.

Isso sem falar nas ciclovias. Não existe quilometragem suficiente para a demanda, e além disso quem se aventurar a andar de bicicleta (com a idéia de ter grandes benefícios à saúde e ao meio ambiente, além de economizar dinheiro com passagem ou gasolina), irá encontrar ciclovias em péssimo estado de conservação, com acúmulos de lixo e com grandes buracos, e ainda a falta de poda das árvores do canteiro central prejudica muito os ciclistas. Muitos dos poucos que ainda insistem nesse tipo de transporte, preferem se aventurar entre os carros e pedalar nas faixas para veículos, seja pela ausência de ciclovias ou pelo péssimo estado de conservação. A iluminação das vias também deixa muito a desejar, pondo em risco a segurança e a integridade dos ciclistas e pedestres.

Outra questão que é muito grave para o trânsito das capitais é a insegurança, tanto de pedestres, ciclistas, passageiros ou motoristas. O número de casos de assaltos, arrastões, roubos e até mesmo homicídios na capital cresceu nesses últimos anos. Basta ler o jornal diariamente que iremos encontrar notícias sobre a violência sofrida pelos usuários de transporte público e também pelos motoristas de carros e ônibus. Roubos e furtos (a mão armada ou não) dentro dos coletivos já se tornou corriqueiro. Falsos flanelinhas abordam com violência, principalemnte mulheres, nos sinais de toda a cidade. O fortalezense, o trabalhador, a dona de casa e os estudantes, se locomovem com temor pela cidade, sem saber se vão voltar pra casa, da zona norte até a zona sul. Não existe tranquilidade pra quem precisa enfrentar diariamente o trânsito da capital da terra da luz.

As pessoas se espremem nas grandes filas formadas nos terminais de ônibus da cidade para poder conseguir lugar nos ônibus da cidade. É um empurra empurra, onde os assentos preferênciais não respeitados, fazendo com que muitos idosos, gestantes, deficientes físicos e obesos, tenham que se segurar de qualquer maneira, pois a falta de educação das pessoas é tremenda. Além disso, o motorista que deveria zelar pelo respeito a esse direito, finge que não vê e muitas vezes ignora esta situação, permitindo que a falta de respeito seja considerada 'normal'.

Bom, poderia listar aqui mais e mais exemplos do verdadeiro caos que é o trânsito de Fortaleza. Mas isso rende outro post. Bom, mas o que me deixa mais triste é que ainda existem pessoas (muitas) que ainda chamam isso de desenvolvimento...