quinta-feira, 29 de abril de 2010

Modelo de sociedade: padrões de consumo e produção de resíduos.


O modelo de sociedade em que está pautada a atual discussão das questões socioambientais é um modelo capitalista de acumulação do capital que foi adotado desde a Revolução Industrial no século XIX. Este modelo de desenvolvimento acredita que desenvolvimento é sinônimo de crescimento econômico e resulta da implementação de tecnologias que conduzam à modernização, industrialização e urbanização. A ordem do mercado é a globalização, onde as empresas são prioridades, especialmente as multinacionais. A tecnologia deve suprir as necessidades da lógica capitalista e ajudar a sociedade a superar desafios e barreiras impostas pela natureza. Ou seja, a tecnologia à serviço do homem para dominação da natureza.

Seu berço se deu nos países ricos ocidentais, considerados pela lógica deste modelo, como países desenvolvidos sendo, portanto, aqueles países que não atingiram ainda os patamares propostos pelos indicadores econômicos, tais como o PIB (produto interno bruto), considerados ‘países em desenvolvimento’. Logo, os países em desenvolvimento devem trilhar suas economias com vistas a atingir os parâmetros de produção e consumo dos países desenvolvidos.

Mas, devido às dimensões sociais e ambientais não serem levadas em consideração como demonstrativas do desenvolvimento defendido capitalismo, aliados ao crescente crescimento populacional e supressão dos recursos naturais, este modelo logo se mostrou falho, ineficaz e contraditório. A sociedade que inclui é a mesma que exclui, o mercado que produz é o mesmo que vorazmente consome os recursos naturais e produz toneladas de resíduos sem destinação e tratamentos adequados.

A partir daí, surgiu-se intenso movimento intelectual e político em âmbito global, dentro dos mais diferentes ramos do conhecimento e esferas de atuação, de combate ao tipo de desenvolvimento defendido pelo capitalismo. Diferentes estudos, pesquisas, encontros, conferências e congressos, demonstraram e ainda demonstram a incapacidade do planeta em sustentar este sistema de produção.

Essa nova visão de desenvolvimento fez surgir idéias e ideais de uma nova sociedade: baseada em padrões de consumo praticáveis dentro da capacidade do planeta e dos recursos naturais de suportar, na solidariedade dos povos e nações frente às diferenças sociais impostas pelo capitalismo, uma sociedade pautada nos princípios de ser socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente correta, onde as necessidades atuais possam ser satisfeitas sem interferir nas necessidades das gerações futuras. Nascia o conceito de desenvolvimento sustentável.

Contudo, o legado histórico e cultural deixado pelo capitalismo, as barreiras impostas pela supremacia do capital frente às necessidades coletivas, a globalização econômica, as desigualdades sociais e os impactos ambientais planetários advindos do modelo de produção e consumo capitalistas, fazem com que a aplicabilidade deste novo conceito de desenvolvimento, seja de difícil efetivação, pois são encontrados diversos interesses conflitantes dentro da lógica estruturante e hierarquizada da sociedade do capital, onde as relações com a natureza são muitas vezes estabelecidas em favorecimento de poucos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O que vale a pena? (continuação)

Antes de tentar responder, acredito que é preciso levar em consideração três questões fundamentais:

O que vale a pena de fato se fazer com o tempo que temos?
Quais as opções e modelos que tenho para viver com qualidade?
Qual a qualidade que eu quero pra minha vida?

Assim como as diversas interpretações sobre a natureza etimológica e funcional do dia de domingo, podemos escolher diferentes alternativas para estas questões baseadas em nossa vivência pessoal e em nossos valores. Somos seres sociais (trocamos experiências com o meio que vivemos), concordo, mas acima de tudo, somos dotados da capacidade de decisão. Se eu sei que furar uma fila é errado, não é porque muita gente fura que eu vou fazer o mesmo! Agora, se eu não sei ou não dou importância a isso, ai são outros 500.

Qual a importância do tempo? Basta se imaginar em duas situações: na primeira, quando se está preso em um engarrafamento, e na segunda, quando se está com amigos jogando conversa fora. É fácil perceber qual das duas situações em que o tempo parece correr mais devagar. No meu caso, quando fiquei presa no elevador por 2 minutos, pareceu horas e horas, até que eu fosse 'resgatada'... Mas já que o tempo é relativo, ou seja, depende do valor que se dá a ele, devemos usá-lo a nosso favor e não correr contra o tempo.

Partindo desse raciocínio, decidi, a algum tempo, que não perco mais meu (precioso) tempo tentando me enquadrar em uma sociedade em que se predomina o ostracismo e a intolerância. Tenho um milhão e meio de coisas a fazer ainda em minha vida, lugares pra conhecer, filmes para ver, pessoas e músicas, e tantas outras descobertas, uma vida linda e cheia de oportunidades. Então por qual motivo eu deveria me render às pessoas negativas e suas atitudes descansadas? Por que devo permitir que certos governantes corruptos e mentirosos permaneçam impunes, alegando que sempre foi assim e que nada vai mudar? Por que tenho que aceitar que uns tenham tanto e outras quase nada? Como aceitar o que esse modelo de sociedade está fazendo com o meio ambiente? Como ficar indiferente a isso? Não conseguiria dormir a noite, não conseguiria me olhar no espelho se eu não fosse assim, eu mesma.

Esses são meus modelos e opções. E entrar na toca do coelho pra perceber a si mesmo e todas as suas fragilidades, medos e mundos desconhecidos é, muitas vezes, um processo doloroso. Como o da Fênix, que para sobreviver em um determinado momento de sua vida precisa decidir se topa se isolar, arrancar seus pêlos, retirar dela mesma o próprio bico em um processo extremamente doloroso e esperar para cicatrizar, ou então escolher a morte.

Mas para se viver é preciso superar certos desafios, passar por certas situações, o que importa é, mais uma vez, os valores que estabelecemos às coisas. E para se ter a qualidade desejada é preciso que se busque aquilo que de verdade grita dentro de seu inconsciente ( e que muitas vezes não damos ouvidos), é preciso ouvir a voz que vem de dentro, como já disseram, é preciso achar onde está a chama!

Sem mais delongas, o que importa pra mim é ser eu mesma. É amar o que amo, e quem amo, é rir do que acho graça, é chorar assistindo filme sem ter medo de parecer tola, é acreditar nas pessoas e em sua capacidade de superação, é buscar conhecimento pra contribuir com um mundo melhor, é ser parte da família que tenho ( e que não trocaria por nada nesse mundo!), é errar e aceitar que também posso errar, é me permitir enfrentar os meus medos, reconhecer o infinito de possibilidades a minha volta e sentir falta de delicadeza e solidariedade em um mundo cada vez mais dissolvido e individualista.

domingo, 25 de abril de 2010

O que vale a pena?

Domingo, início de mais uma semana de 2010, início da última do mês de abril, a última antes do fim do mês. Geralmente entendemos como início da semana a segunda-feira, mas esta só deve ser entendida de tal maneira pela ordenação de trabalho e lazer e pela normalização ISO, que analogamente considera o domingo o último dia da semana.
Já, por fundamentação bíblica e etimológica, é considerado o primeiro dia da semana e deve ser guardado às orações e ao descanso da maioria dos cristãos e povos do mundo. A palavra é originária do latim dies Dominicus, que significa "dia do Senhor". Existe, nessa mesma acepção, em castelhano (Domingo), italiano (Domenica), francês (Dimanche) e em todas as línguas de origem latina.
Já os povos pagãos antigos, reverenciavam seus deuses dedicando este dia ao astro Sol o que originou outras denominações para este dia, em inglês diz-se Sunday, e no alemão Sonntag, com o significado de "Dia do Sol". Ver mais em Wikipedia.

Pois bem, mas o que tudo isso tem a ver com o título do post? Vou (tentar) explicar.

Justamente hoje, domingo (mas que poderia ter sido em qualquer outro dia da semana), pude refletir seriamente sobre algumas características do meu modo de vida atual, as quais me surpreenderam muito, algumas me fazendo rir, outras nem tanto, mas de qualquer forma ampliando meu auto-conhecimento. Mas como foi que isso se deu?

Bom, tenho o costume de começar as coisas na segunda-feira, depois de prometê-las no domingo. Exemplo: regime/dietas, exercícios físicos, mudança de hábitos (comprei uma bicicleta), promessas de estudo, de acordar cedo etc. Mas como o desejo termina logo, acabo que por deixando muitas coisas pelo caminho (como meu regime que não deu certo até hoje!). Isso tudo gera muita frustração e descrédito pessoal. E sabe o porquê? Por que acabo enganando a mim mesma com esse tipo de promessa sem de fato incorporá-las a minha realidade e às minhas necessidades. Ou seja, entre as promessas e a efetiva realização delas, existe alguém (eu) que não se conhece o suficiente e que, portanto, não se planeja o suficiente.

Outra coisa que andei pensando hoje foi o quanto de tempo tenho dedicado à minha família? A resposta foi um pouco pesada pra mim. Acabei percebendo que tenho mais contato atualmente com as fórmulas de física e cálculo, com as reações químicas e com a vida dos microorganismos do que com o convívio com meus familiares. Por exemplo: ontem, enquanto minha irmã mais nova não subia (pois estava vendo filme no térreo com os coleguinhas do prédio), não me mantive sussegada. Imaginei mais coisas que poderiam acontecer do que as cenas do filme, aposto.
Se eu tive adolescência? Tive sim, e quem me conhece, sabe que aproveitei muito (rsrs). Mas ontem, só depois dela subir pra dormir, pude perceber o quanto o tempo passa rápido, o quanto ela já cresceu e o quanto, por conta da minha imersão em meu mundinho particular, perdi de sua vida, de seu crescimento. Não só dela, mas dos outros também.

O fato é que até hoje, mesmo com todas as experiências que tive, não aprendi ainda dividir coerentemente o meu tempo. Sei que com grande parte das pessoas também é assim e que muitas nem avaliam isso como um problema, mas sim como sendo uma característica de sua personalidade ou como resultado do modelo de vida que escolheram pra si.

Aí veio a pergunta: De tudo isso, o que vale a pena?

(continua no próximo post)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Derramamento de Petróleo nos EUA


Uma plataforma de petróleo explodiu nesta terça-feira e afundou ontem no Golfo do México, em frente à costa do estado americano da Louisiana. Onze pessoas ainda estão desaparecidas e o restante dos 115 trabalhadores tiveram que pular ao mar de uma altura aproximada de 30 metros para poderem se salvar. Foram socorridos e levados à costa, onde já estão com seus familiares. Ainda não se sabe a causa do acidente, nem as proporções dos impactos ambientais que os 42 mil litros de petróleo derramados podem causar.Ver mais em Diário do Nordeste.

Esta plataforma, a Deepwater Horizon, pertence a empresa Transocean, que trabalha para gigante do petróleo British Petroleum - BP. Não é a primeira vez que esta petrolífera BP aparece associada à más notícias. Ela, que já foi multada em US$ 373 milhões nos EUA após concordar em se declarar culpada em três processos, em que era acusada de responsabilidade na explosão de uma refinaria no Texas (2005), no vazamento de petróleo num campo do Alasca (2006) e de manipular o mercado de propano nos EUA entre 2003 e 2004. Ver mais em TN Petróleo.
Foi ela também que no dia 11/03/2010, comprou os ativos da Devon que compreende participações em dez blocos exploratórios no Brasil, entre eles o nosso vizinho na Parnaíba, além de mais participação no Golfo do México, onde ontem aconteceu o acidente, e no Mar Cáspio. Ver mais em Época Negócios.

Multinacionais como essa britânica BP infelizmente não acabam sendo verdadeiramente punidas. O que são alguns milhões de multa à uma empresa dessas, se ela gasta bilhões em suas compras para tentar dominar o mercado de petróleo? E os impactos ambientais imensuráveis que um derramamento como esse pode causar, será que a BP vai se responsabilizar?
Devemos esperar para ver! E enquanto isso, continuar contribuindo com a indústria do petróleo, andando em nossos carros e motos, sem perceber o quanto somos obrigados, pelo modelo de sociedade, a enriquecer os bolsos de empresas como esta. Afinal de contas, que alternativas temos?

Vou comprar meu pão de bicicleta, aproveito para arejar a cabeça...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Meu primeiro post !

Agora é pra valer. Nasceu!

Escolhi a data de hoje para o meu primeiro post, o Dia da Terra.
Há 40 anos atrás, um senador norte-americano, Gaylord Nelson, convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição. Esta data desde então ficou conhecida como Dia da Terra, e diversos países hoje em dia comemoram. Ver mais em National Geographic Channel.
Mas será que o dia de hoje merece algum tipo de comemoração? Supondo que o planeta Terra pudesse escolher, será que ele escolheria comemorar? Não sei qual seria a resposta do planeta, mas a minha é que hoje ele não teria lá muitos motivos para festa...
O que vejo é um planeta poluído, doente, sendo cada dia mais penalizado pelo modelo de sociedade que a humanidade escolheu. A população mundial cresce absurdamente, trazendo ainda mais problemas. Os recursos naturais, as florestas, rios, oceanos, geleiras e demais ambientes naturais vão sendo tomados e destruídos pela voracidade do modelo socioeconômico vigente e o resto da história já se conhece: mais pobreza, fome, degradações ambientais, aquecimento global, desigualdades sociais, guerras, secas, crise de alimentos,etc.
Nosso planeta Terra, que deveria se chamar Água, tem-se mostrado bastante forte ao resistir a tantos problemas. Mas será que ele resistirá para sempre? Acredito que o planeta resistirá, a sociedade como hoje conhecemos é que não sobreviverá.
Acredito também que chegará um dia em que a espécie humana não será mais considerada superior frente as demais espécies. Eu mesma já não acredito nesta superioridade! Aliás, superior pra mim só Deus/Universo. E o tempo. O tempo é o Grande Senhor.
Pois bem, reflexões à parte, hoje é dia de comemoração. Dia de celebrarmos a Mãe Natureza e toda sua biodiversidade. Dia da Terra, do planeta em que vivemos e que, portanto, também é nosso dia. Eu, que pretendo com esse blog contribuir, mesmo que pouco, com a discussão de uma nova possibilidade de sociedade, onde humanidade e natureza sejam integradas por relações saudáveis e sustentáveis. A nós, humanidade, cabe a reflexão sobre nossa contribuição à manutenção da vida do planeta, desde nossos atos mais corriqueiros até nossas ações práticas de combate a degradação socioambiental. Ao planeta, cabe seguir em sua viagem cósmica pela nossa galáxia e abrigar a imensidão de vida, enquanto assim for.

Somos meros grãos de poeira cósmica. Somos seres humanos capazes de pensar e, portanto, modificar. Somos o que escolhemos ser.