terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Belo Monte x Desenvolvimento Sustentável: a quem interessa essa disputa?

A Usina de Belo Monte é uma obra inviável, sobre três aspectos: ambiental, social e econômico. Cientistas, engenheiros, geógrafos, ambientalistas, povos indígenas, acadêmicos, e diversos entidades brasileiras e internacionais, já mostraram os diversos impactos e problemas que a construção dessa usina trará: diminuição do potencial hídrico do Rio Xingú, diminuição da biodiversidade, inundação de cidades e poluição das águas pelo esgoto, povos indígenas, comunidades ribeirinhas, extrativistas e agricultores familiares perderiam suas casas por conta da secagem dos braços do rio Xingu, sendo obrigadas a migrar para as cidades em busca de subempregos, aumentando ainda mais os problemas das cidades ou então, indo trabalhar com desmatamentos e queimadas, grilagem e tráfico de animais, além dos prejuízos econômicos que essa obra causaria, podendo chegar a custar 30 bilhões de reais (todos financiados pelo Governo, dinheiro público) e pela falta de eficiência da usina, que operaria no máximo 39% de seu potencial.

Além disso, permitir Belo Monte, é legitimar a exploração da Floresta Amazônica e o desmatamento. É acabar de vez com a possibilidade de regeneração desse bioma e interferir até mesmo no clima e na biodiversidade do resto do planeta.

Por que, ao invés de construir Belo Monte, o Governo não investe em eficiência energética? Ou então, por que não investe em matriz energética renovável, limpa e sustentável, tais como maré-motriz, eólica, solar e biomassa? O Nordeste brasileiro, por exemplo, tem grande potencial para esse tipo de matriz, pois temos a combinação perfeita: mar, sol e ventos.

Desenvolver sustentavelmente o Nordeste brasileiro, transformá-lo em uma referência nacional e internacional no quesito energia, ciência e tecnologia, deveria ser um plano de governo a longo prazo. Não só desse governo, mas dos que ainda estão por vir. A região carece de uma estratégia de desenvolvimento conjunto, e não de obras pontuais. A região carece de planejamento e dedicação por parte dos governos há muito tempo.


Mas fazer isso, seria acabar com o potencial de votos das grandes massas que elegeram esse governo atual (e o passado). Sem a tríplice seca, pobreza e educação de má qualidade, como será que esse governo conseguiria se eleger e reeleger? Quais seriam suas promessas de campanha? A quem eles profeririam seus discursos cheios de paixão e regionalismo, em cima dos palanques, junto do povo (pelo menos nessa época)?

Não estou aqui defendendo um ou outro governo (digo isso pois os governistas e seus aliados tem a mania de iniciar discursos de comparação com o governo anterior a era Lula, quando se sentem ofendidos).A intenção não é falar de governos. É falar do Brasil, de um plano estratégico de desenvolvimento sustentado de que carecemos – e que precisamos urgentemente para dar um salto de qualidade social, econômica e ambiental, em nosso país, em todas as regiões.

Nosso país não precisa de Belo Monte. A Amazônia não precisa de Belo Monte.

Nosso país precisa sim é de menos discursos vazios e populistas, e de mais ação qualificada e de idéias que visem realmente nos destacar nacional e internacionalmente como uma nação de vanguarda nas questões socioambientais, visando a justiça social e ambiental.



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ajudar a construir um mundo melhor: só com ParticipAÇÃO

Como de costume, leio o jornal eletrônico todos os dias, para me informar sobre o que está acontecendo no mundo, pela comodidade da internet, pela interatividade que nos permite comentar as notícias e conectar nossos interesses com os mais diversos canais de informação, e pela preservação do meio ambiente já que não se tem papel impresso, e hoje, não seria diferente.

Um assunto vem chamando minha atenção ultimamente e se trata de mobilidade urbana. Já escrevi um post aqui sobre o assunto, mas dessa vez, por conta da notícia que vi no jornal local (ver a íntegra em Jornal O POVO). O título da notícia pergunta: "Vale a pena ter um carro?"

Resolvi escrever algumas palavras sobre minha opinião acerca do assunto e sobre as informações dadas na notícia no espaço de comentários dos leitores - encorajo a todos os leitores fazerem o mesmo, é um exercício de cidadania, de aprendizado, pois se vê a notícia com outros olhos, e com o tempo nós acabamos nos tornando mais capazes de sintetizar as informações e ver o que está nas entrelinhas da notícia - além, é claro, de ser um espaço democrático e de participação. Pois bem, eis meu ponto de vista:

"Mas é claro que o representante da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) vai nos dizer que ter carro é ter "status"...ELE ter status neh... Porque senão ele perderia o emprego dele! Nas condições precárias de nossas vias, é ruim pra quem tem carro, mas também pra quem anda de ônibus, pra quem anda a pé, de bicicleta então nem se fala! É ruim pra todo mundo! É ruim pro bolso de quem gasta mais (quem tem carro), além disso, todo mundo perde um tempo enorme no trânsito. Mas e como conseguir ganhar todos os impostos decorrentes da manutenção desse falso padrão de 'boa vida' se tivessemos um bom transporte público, com qualidade, eficiência e que servisse à população como um todo (um transporte includente)? A administração pública não investe em melhoria do transporte público, tem obras de longas datas inacabadas, tem vias em péssimo estado de qualidade e cada vez mais acidentes e mortes no trânsito, causados por falta de planejamento em educação para os motoristas. É uma lástima, mas em um país em que se investe tanto em "reduções de IPI" para salvar as montadoras e os bancos, com a desculpa esfarrapada de desenvolvimento, é só o que poderíamos ter como realidade o pensamento de que carro é status. Parabéns representante da Fenabrave, vejo que terás teus status - ou melhor dizendo, emprego - por muito tempo ainda... E o meio ambiente agradece!"

Pois bem, meu conselho é: exercer a cidadania. Mas como? Escrevendo seus comentários nos espaços de leituras/informações e de estudos de vocês, mesmo que seja a caixinha de sugestões dos comércios e espaços públicos (não tenho visto muito por ai) ou a ouvidoria dos estabelecimentos públicos e privados, ou ligando pra pizzaria para sugerir uns sabores diferentes, ou até mesmo nos seus blogs, diários, cadernos, enfim. Ter um visão crítica das coisas, a sua visão, não é uma coisa ruim. Não significa ser rabugento e reclamar de tudo. Significa sentir-se ator na sociedade e não ser apenas levado por ela. Significa mudar a realidade, ser ouvido, participar. É um exercício de cidadania e de aprendizado. E com o tempo, alcançamos espaços que antes não acreditávamos ser possíveis, criamos voz e opinião. Além disso, sentimos prazer em contribuir para um lugar melhor, uma cidade melhor e quem sabe, um mundo melhor.

Ajudar a construir um mundo melhor: só com ParticipAÇÃO!