O modelo de sociedade em que está pautada a atual discussão das questões socioambientais é um modelo capitalista de acumulação do capital que foi adotado desde a Revolução Industrial no século XIX. Este modelo de desenvolvimento acredita que desenvolvimento é sinônimo de crescimento econômico e resulta da implementação de tecnologias que conduzam à modernização, industrialização e urbanização. A ordem do mercado é a globalização, onde as empresas são prioridades, especialmente as multinacionais. A tecnologia deve suprir as necessidades da lógica capitalista e ajudar a sociedade a superar desafios e barreiras impostas pela natureza. Ou seja, a tecnologia à serviço do homem para dominação da natureza.
Seu berço se deu nos países ricos ocidentais, considerados pela lógica deste modelo, como países desenvolvidos sendo, portanto, aqueles países que não atingiram ainda os patamares propostos pelos indicadores econômicos, tais como o PIB (produto interno bruto), considerados ‘países em desenvolvimento’. Logo, os países em desenvolvimento devem trilhar suas economias com vistas a atingir os parâmetros de produção e consumo dos países desenvolvidos.
Mas, devido às dimensões sociais e ambientais não serem levadas em consideração como demonstrativas do desenvolvimento defendido capitalismo, aliados ao crescente crescimento populacional e supressão dos recursos naturais, este modelo logo se mostrou falho, ineficaz e contraditório. A sociedade que inclui é a mesma que exclui, o mercado que produz é o mesmo que vorazmente consome os recursos naturais e produz toneladas de resíduos sem destinação e tratamentos adequados.
A partir daí, surgiu-se intenso movimento intelectual e político em âmbito global, dentro dos mais diferentes ramos do conhecimento e esferas de atuação, de combate ao tipo de desenvolvimento defendido pelo capitalismo. Diferentes estudos, pesquisas, encontros, conferências e congressos, demonstraram e ainda demonstram a incapacidade do planeta em sustentar este sistema de produção.
Essa nova visão de desenvolvimento fez surgir idéias e ideais de uma nova sociedade: baseada em padrões de consumo praticáveis dentro da capacidade do planeta e dos recursos naturais de suportar, na solidariedade dos povos e nações frente às diferenças sociais impostas pelo capitalismo, uma sociedade pautada nos princípios de ser socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente correta, onde as necessidades atuais possam ser satisfeitas sem interferir nas necessidades das gerações futuras. Nascia o conceito de desenvolvimento sustentável.
Contudo, o legado histórico e cultural deixado pelo capitalismo, as barreiras impostas pela supremacia do capital frente às necessidades coletivas, a globalização econômica, as desigualdades sociais e os impactos ambientais planetários advindos do modelo de produção e consumo capitalistas, fazem com que a aplicabilidade deste novo conceito de desenvolvimento, seja de difícil efetivação, pois são encontrados diversos interesses conflitantes dentro da lógica estruturante e hierarquizada da sociedade do capital, onde as relações com a natureza são muitas vezes estabelecidas em favorecimento de poucos.